sábado, 15 de março de 2014

Erros mais comuns no diagnóstico dos tipos (http://mundoeneagrama.org/2012/07/os-10-erros-mais-comuns-no-diagnostico-dos-tipos-2/)

Ao conhecer o Eneagrama e observar o enorme alcance dessa ferramenta, percebo que muitas pessoas se animam bastante com a possibilidade de diagnosticar os tipos das outras pessoas. Na minha opinião isso é possível, particularmente gosto do método de Entrevista de Identificação de Tipo criado pela Helen Palmer e pelo David Daniels, pois considero um método bastante eficaz e com alto grau de assertividade. No entanto, esse processo de identificação deve ser feito com muita cautela, já que, sem isso, é muito provável cometer erros nesse diagnóstico.
Cito a seguir os erros que eu percebo que mais comuns no diagnóstico dos tipos:
1 – Fazer o diagnóstico baseado em comportamentos.
Se uma pessoa fala a seguinte frase: “ sou organizada, pontual e costumo seguir regras”, que tipo você acredita que essa pessoa seja? Se você pensou em algum tipo específico, tome cuidado, pois pessoas de tipos distintos podem ter comportamentos bem semelhantes. Como por exemplo, uma pessoa do Tipo 1, do Tipo 5 e do Tipo 6 podem se apresentar e se descreverem desta forma, no entanto, cada uma terá seu motivo particular para apresentar esses tipos de comportamentos. O Tipo 1 pode fazer isso em função de sua crença de que precisa ser bom, correto para ser amado, o Tipo 5 pode fazer isso como uma estratégia de já realizar um planejamento do quanto de tempo, espaço e conhecimento terá que despender em alguma atividade e o Tipo 6 por ter isso como uma forma de defesa que ameniza o seu medo. Se levarmos em conta só esses comportamentos, sem nos aprofundarmos nas motivações, o risco de erro no diagnóstico se torna alto.
2 – Crença de que sabe o tipo do outro mais do que ele próprio.
Às vezes a vontade de identificar o tipo dos outros e o conhecimento em Eneagrama podem fazer com que as pessoas se esqueçam que cada ser humano é único, com suas particularidades. E um risco disso é acabar se baseando em algum comportamento que a pessoa apresente ou alguma fala dela e querer concluir o que ela pensa, sente e como age, como se a pessoa que está tentando identificar o tipo dela a conhecesse mais do que ela mesma. Percebo que, às vezes, as pessoas acham que alguém é de determinado tipo e quererem confirmar isso “a todo custo”, ou seja, ao invés de se questionar se seria isso mesmo, tendo mais humildade neste processo de identificação do tipo, procuram apenas argumentos que “comprovem” sua idéia inicial.
3 – Estereótipos dos tipos.
Por exemplo, achar que todo mundo que tem a característica de ser mais direto ou que descreve assim é Tipo 8, o que não necessariamente é verdade. Restringir a experiência de ser um Tipo 8 a apenas esse descritor, seria uma conclusão superficial e prematura. Além disso, pessoas de outros tipos também podem apresentar essa característica. Ou seja, deduzir algo que a outra pessoa fala como sendo necessariamente característico de algum tipo, sem checar se realmente é assim, também pode dificultar o diagnóstico.
4 – Achar que a pessoa é ou que não é do mesmo tipo que o seu.
Quando estamos tentando realizar o diagnóstico de uma pessoa no Eneagrama e nos identificamos em algum aspecto dela, corremos o risco de achar que ela deve ser do mesmo tipo que o nosso, já que tem pensamentos similares ao nosso. O contrário também acontece, se a pessoa fala algo no qual não nos identificamos, corremos o risco de achar: “não é possível que ela seja do mesmo tipo do que eu”. Se não nos atentarmos para isso, podemos descartar um tipo que pode ser o da pessoa ou manter um que não necessariamente se assemelha à forma dela ser.
5 – Desconhecimento dos subtipos.
Conhecer a respeito dos subtipos é fundamental para realizar um bom diagnóstico, uma vez que os comportamentos de alguns subtipos se assemelham a forma de agir de alguns tipos do Eneagrama, o que pode confundir o diagnóstico. Por exemplo, percebemos que na prática o Tipo 4 subtipo sexual dominante pode ser facilmente confundido com o Tipo 8 ou o Tipo 3 do Eneagrama, já que o que caracteriza o Tipo 4 sexual é a competitividade (podem se mostrar bastante competitivos, o que se assemelha bastante a competição que o Tipo 3 geralmente apresenta) e a agressividade (por serem mais enérgicos, se expressarem de forma mais agressiva, podem ser confundidos com o Tipo 8).
6 – Abordar temas de forma superficial.
Temos que nos lembrar que muitas vezes as pessoas não se descrevem totalmente como são. É comum do ser humano procurar esconder características que não considera tão agradáveis, muitas vezes até para si mesmo. Na prática, percebemos que às vezes as pessoas falam que são de determinada forma, no entanto, tais características se assemelham mais a como elas gostariam de ser, como elas acham que seria a forma correta de agir ou como elas acham que os outros esperam que elas sejam, não como elas são de verdade. Se estivermos procurando identificar o tipo da pessoa baseado nas informações que ela nos fornece a respeito de si própria, temos que nos lembrar disso e nos aprofundar nos temas para checar se realmente a pessoa se comporta de determinada maneira.
7 – Deduzir o tipo da pessoa baseado na forma na qual ela se apresenta.
Por exemplo, concluir que a pessoa é um Tipo 5 apenas levando em consideração o fato dela apresentar de forma mais discreta, certamente seria algo precipitado. Às vezes a pessoa pode se apresentar dessa forma apenas por conta do ambiente ou contexto no qual ela se encontra, ou até mesmo esta pode ser uma característica cultural que ela possui (por exemplo, devido ter sido criada em uma cultura oriental no qual tal postura é incentivada) ou às vezes a motivação dela ser desta forma é devido a questões que não são de uma pessoa do Tipo 5 do Eneagrama (por exemplo, ela pode ser um Tipo 4 que se sente inseguro em se colocar e acaba sendo mais discreto em sua interação com os outros).
8 – Se envolver em algum viés do seu tipo.
Sempre quando estamos nos relacionado ou trabalhando com pessoas, geralmente o fazemos baseado na nossa visão de mundo. Se não nos atentarmos para características de nosso tipo que podem ter um impacto negativo nesta interação, também podemos prejudicar o nosso diagnóstico. Por exemplo, uma pessoa do Tipo 4, se não se observar, facilmente pode acabar se comparando com as outras pessoas. Se enquanto estiver tentando diagnosticar o tipo de alguém, não se atentar a essa tendência, certamente isso poderá tirar seu foco e a atrapalhar em meu objetivo. Cada pessoa de cada tipo terá que observar qual é o seu viés que terá que procurar controlar para conseguir concluir a identificação do tipo de forma satisfatória.
9 – Não levar em consideração a complexidade da ferramenta.
Realmente o Eneagrama é um sistema bastante preciso, no entanto, para abarcar toda essa precisão, é necessário conhecê-lo a fundo e saber que se trata de um sistema dinâmico. As flechas e as asas também podem complicar o diagnóstico. Muitas vezes é necessário questionar se a pessoa é daquele jeito ou está se apresentando daquela forma por estar vivenciando uma situação na qual está sendo pressionada ou desafiada, portanto tenderá a exibir comportamentos do seu tipo de stress.
10 – Não levar em conta diferentes níveis de consciência que as pessoas possuem.
Quando alguém realiza um trabalho de desenvolvimento pessoal, acaba muitas vezes modificando diversos comportamentos. Além disso, a maturidade, as experiências e as dificuldades fazem muitas vezes com que as pessoas modifiquem o seu jeito de ser. Se não levarmos isso em consideração e procurarmos saber se a pessoa sempre foi daquela forma ou se houve algum aprendizado que resultou em um jeito diferente de se apresentar no mundo, podemos também prejudicar o diagnóstico.
Concluindo: realizar o diagnóstico de uma pessoa no Eneagrama não é uma tarefa fácil, mas tomando os devidos cuidados, é possível ter bastante assertividade nesse processo de identificação. A auto-observação e a prática contribuem para que as pessoas não apresentem os erros citados acima.
Somado a isso, não devemos perder de vista que, quem realiza do diagnóstico do tipo é a própria pessoa, nós podemos direcionar, auxiliar e facilitar esse processo, mas não devemos “tirar o gostinho” da própria pessoa se descobrir e se identificar.
++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
Renata é psicóloga, atualmente trabalha com desenvolvimento humano tanto na área clínica como na área organizacional. Atua como supervisora/coach do processo de certificação do Enneagram Profissional Training Program (EPTP) no Brasil e como professora em cursos de Eneagrama

Um comentário:

  1. Deixo aqui registrado o meu interesse no curso coletivo, posso ceder o espaço. Os interessados entrar em contato: titusdrama@gmail.com
    Beijos

    ResponderExcluir