quinta-feira, 24 de maio de 2012

O ENEAGRAMA EM ANIMAÇÕES DIGITAIS


Especialistas apontam que algumas produções conseguem criar personagens cujo desenvolvimento ao longo da trama vão além dos esteriótipos
Por Jeniffer Villapando*
O mundo das animações digitais também permite uma série de análises sob o prisma do Eneagrama. Ao tentar identificar os personagens de acordo com seus prováveis Tipos, é possível compreender com mais facilidade as motivações deles e a visão de mundo dessas carismáticas – e por vezes controversas – figuras. “Em animações mais recentes, nota-se um pouco mais de consistência de personalidade em personagens”, explica Urânio Paes.
Em Rango (2011), que faturou o Oscar de melhor animação deste ano, há um bom exemplo a se observar: “O protagonista é um camaleão que, por acidente, sai de seu viveiro artificial e cai em uma dura realidade. Lá, ele imita os outros e se torna o protótipo do que é mais valorizado pelo meio. Acaba virando um herói, mas, intimamente, incomoda-se com suas próprias mentiras e deseja saber quem ele realmente é. Quando é desmascarado e assume ser uma farsa, entra no vazio e inicia sua transformação maior – e, por consequência, a dos outros a seu redor. Metáfora interessante do Tipo 3 no Eneagrama e da passagem pelo ponto 3 (e depois o 4, 5 e o 6) no caminho do herói para cada um de nós”.
Rango é um camaleão que acidentalmente vai parar em Dirt, uma cidade do Velho Oeste sem lei. Os moradores precisam urgentemente de um xerife e ele “assume” o cargo, mas sua farsa é descoberta.
O psicólogo André Prudente também chama a atenção para a questão da consistência da personalidade de alguns personagens: “Tenho a impressão de que as
animações já conseguem, mais do que os outros tipos de filmes, criar personagens cujo desenvolvimento ao longo da trama vão além dos estereótipos”, diz. Como exemplo,
Prudente destaca Shrek (2001) e Kung Fu Panda (2008). No primeiro, o personagem representa inicialmente um “traço 8 desintegrado”: explosivo, defensivo, causa medo com seus gritos e atitudes, e usa sua força para atingir seus próprios interesses. Depois, devido à força transformadora do amor (nesse caso, da princesa Fiona), integra-se,passando a utilizar sua sinceridade e determinação em favor de todos os oprimidos e injustiçados.
O tipo 8 tem a tendência de defender aqueles que são mais fracos.
Já no segundo, o personagem principal, Po, que parece ser um 7, deseja ardentemente ser um lutador de kung-fu, mas leva os treinos na brincadeira e esbalda-se na comida (gula e dispersão típicas dos 7). “Quando ele percebe a seriedade do problema que está afetando a sua aldeia e que, para conseguir ser um bom lutador, precisa ter foco e dedicação, muda de atitude e usa a sua espontaneidade, leveza e otimismo como armas para superar um grande desafio”, pontua.
O tipo 7 tem a tendência de se dispersar e buscar opções mais prazerosas
Para André, “tanto em um filme quanto no outro, os personagens tornam-se representações boas da essência e, por isso, passam a ser modelos inspiradores de valores humanos”.

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